Por um programa de televisão, de rádio, de uma sensibilização feita numa escola… por qualquer razão. Hoje, tem quase 200 alunos em dezena e meia de escolas, reconhecendo que o seu trabalho foi responsável pela paixão desenvolvida por muitos miúdos. Talvez por ter dado o seu primeiro curso de cozinha aos 18 anos, ainda o diploma da Escola Hoteleira cheirava a tinta, ficou com vontade de partilhar. Sabe que o bom feitio não é propriamente a sua imagem de marca, mas prefere chamar-lhe, agora, exigência, quase perfecionismo.Īlguns anos depois, depois de passadas várias cozinhas de hotéis e restaurantes, não esquece que aos 21 anos abriu a Quinta do Jardim da Serra como chef. O mais velho era um homem exigente, o que era muitas vezes confundido com mau feitio e juntou-se, atrevo-me a dizer, a fome com a vontade de comer. Houve quem apostasse que não demorava uma semana. Aos 19 anos, era subchefe de cozinha e braço direito do conceituado chef, que se formara na Suíça. O Chef Amândio, um dos grandes mestres da nova vaga da cozinha madeirense não o deixou fugir da sua alçada, quando Octávio acabou o curso. Foi por capacidade e não por qualquer golpe de sorte que fez, por isso, a travessia meteórica diretamente para cozinheiro de 1ª categoria, saltando as de 3ª e 2ª. Amélia” das 19 à uma da madrugada seguinte.įez isto durante três anos, nos dias de semana, mas os sábados e domingos eram passados enfiado no restaurante. Assim, com 16 anos, estudava das 8 às seis da tarde e entrava no “D. No primeiro mês de aulas deu tanto nas vistas que foi convidado para estagiar num restaurante. «Parece que encarnei outra pessoa, tinha o mesmo foco que tenho hoje e sabia, como sei agora, exatamente o que queria».Ĭomeçou a trabalhar muito cedo. Ninguém o dissuadiu ou tentou demover, mesmo que tivesse quinze anos quando entregou os papéis para a candidatura e que em Outubro de 1997 tivesse já os 16 anos completos na primeira aula. Agora, há excedente de alunos a querer experimentar texturas, sabores e condimentos. Na altura, não foi difícil, porque as vagas para cursos de cozinha na Escola de Hotelaria e Turismo da Madeira eram mais do que muitas. «Era um bom aluno, não fui para a cozinha por escape», não havia quem quisesse descascar batatas e fazer espetadas para turistas.Ĭomo não foi um mau estudante, podia ter sido qualquer outra coisa, mas decidiu que queria criar. É preciso percebermos a natureza das coisas, ensina.Īinda com idade para andar a jogar à bola na rua transformada em campo de futebol, o rapaz que cresceu a conhecer todo o tipo de colegas começou a perguntar onde poderia ter aulas de cozinha. «É da terra que nasce o prato», sentencia, gesticulando como se tivesse entre os dedos qualquer legume colhido lá na horta do pai. Talvez porque o pai sempre teve hortas caseiras, cultivava o que comiam em casa, criava animais para o sustento da família e gostava da tal ligação a terra que o filho tanto reconhece, agora. Uma estranha forma de vida, diriam alguns, algures na segunda metade dos anos 90. Jovens pouco mais velhos do que ele, que quando tinha doze anos, decidiu que esta seria a sua forma de vida. O Chef, porque hoje é assim que é conhecido, tem nome e marca registada em todos os pontos da ilha e reconhecem-lhe a capacidade de deixar o seu tempero na juventude atual. Pela capacidade que teve de focar o seu objetivo e por não ter esquecido as caras de escárnio dentro da sala de aula.Ī vida sorriu-lhe através de uma família dita normal, como brinca, um casal médio, com filhos, com o pai a continuar ainda hoje a ser taxista e a mãe a fazer os melhores cozinhados do mundo, frisa. Hoje, quase vinte anos depois daquele Outubro de 1997, quando iniciou a profissão, ainda se recorda daquele dia por dois motivos. Quando a professora do 9º ano na Escola do Estreito de Câmara de Lobos perguntou que queria ser, o jovem Octávio Freitas respondeu, sem pestanejar, que queria ser cozinheiro.Įntre as gargalhadas dos futuros engenheiros e médicos, advogados e afins e o espanto da diretora de turma, o jovem aluno, filho da melhor cozinheira do mundo, como diz, manteve o seu sonho e começou ali temperar os anos seguintes, que o trariam ao glorioso ano de 2016, quando a vida lhe corre bem, quando os seus pratos já são uma marca registada para saborear com o seu vinho, o tal que anuncia apenas as iniciais Of no rótulo sóbrio e distinto.
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